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Roraima desenvolve programa de integração de sistemas de produção em terras indígenas

A produção integrada busca otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade em uma mesma área, usando melhor os insumos, diversificando a produção e gerando mais renda para as comunidades Por: Grazy Maia Foto: Grazy Maia Com a integração de diferentes sistemas produtivos dentro de uma mesma área, o Governo de Roraima desenvolve o programa Roraima Verde, que visa a implantação do sistema conhecido como ILPF, unindo o desenvolvimento de lavoura, pecuária e floresta em uma mesma área. Executado por intermédio da parceria entre a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – FEMARH, Secretaria Estadual do Índio - SEI e comunidades indígenas do Estado, o programa visa suprir as necessidades dos povos indígenas, uma vez que a integração lavoura-pecuária-floresta eleva a produtividade e amplia o uso da terra em uma mesma área, otimizando o uso dos insumos, diversificando a produção e gerando mais renda. De acordo com o coordenador do programa, Adriano Calixto Sobreira o Estado de Roraima instituiu em 2021 o Projeto de Grãos em Terras Indígenas com ações de fortalecimento da agricultura familiar, por meio da Secretaria do Índio. Foto: Grazy Maia “Como o projeto vem contribuído para o alcance da sustentabilidade, geração de emprego e renda em mais de 105 comunidades, e que seus objetivos eram consonantes com os proposto no Programa Roraima Verde, foi realizada a parceria entre a SEI e a FEMARH, para implantação de ILPF - Integração Lavoura-Pecuária e Floresta nas comunidades indígenas, o que uniu e transformou os dois projetos em atualmente um grande programa de governo”, destacou. Adriano ressaltou, que nesse primeiro momento de implantação do projeto está sendo realizado o plantio de milho integrado com o plantio de eucalipto e no ano de 2023 será inserida a pastagem para o desenvolvimento da pecuária na área. “Iniciamos a execução do programa pela Comunidade Indígena de Canauanim, localizada no município do Cantá, onde foram plantados grão de milho integrado a espécie florestal do eucalipto . No ano que vem, estaremos realizando a inclusão da pastagem com o plantio do capim, onde essa comunidade após a colheita do grão estará preparada e apta para iniciar a criação de gado na área, com o ganho de peso através do consumo dessa forrageira”, salientou. Conforme o coordenador explicou, no sistema de integração, a introdução da lavoura, geralmente, ocorre nessa fase inicial do sistema juntamente com o componente florestal, enquanto o mesmo não prejudica a produtividade das culturas com o sombreamento. Após a fase agrícola, e quando as árvores atingirem porte capaz de suportar animais em pastejo, a fase da pecuária é introduzida. Para a adequada condução desses sistemas, o espaçamento entre fileiras de árvores ocorre em função das dimensões do maquinário para semeadura, tratos culturais e colheita da cultura agrícola. “Esse sistema agrega valor, traz menor pressão sob o ambiente natural já que as comunidades tem a prática da agricultura de subsistência, diminuindo o uso do fogo pela, já que eles precisam fazer essa reforma da pastagem nativa através dessa prática, conseguindo a partir de agora ter acesso a pastagem cultivada por meio desse sistema de integração”. Segundo Lucas Alexandres, Coordenador do Polo de Grãos da Comunidade Indígena de Canauanim a chegada do programa foi recebida com grande entusiasmo pela comunidade que já enxerga a colheita de bons frutos com a execução do programa na região. “Recebemos com grande satisfação esse projeto que vai gerar vários benefícios para nossa comunidade com todo apoio do corpo técnico do Governo do Estado por meio da Femarh e da Secretária do Índio nesta grande parceria que só trata desenvolvimento para a nossa comunidade”, destacou. O projeto possui duas fases, a primeira no ano de 2022 será implantada através da inclusão de dois componentes do sistema: o Milho e o Eucalipto; No segundo ano de 2023 com desenvolvimento do eucalipto, haverá o plantio de ano do milho e a inclusão de uma gramínea para cobertura do solo e aproveitamento dos nutrientes residuais da cultura do milho. No segundo ano após a colheita do milho passados 45 dias entra o terceiro elemento do sistema, o pastejo com gado de corte para assim iniciarmos os sistema de integração Lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Definiu como áreas prioritárias para implantação nessa 1ª fase em 2022, os municípios de Cantá nas comunidades indígenas de Canauanim, Tabalascada e Malacacheta e Amajarí nas comunidades de Ponta da Serra, Três Corações e Mangueira, que serão atendidas com os projetos pilotos do programa. A meta do projeto é plantar 150 hectares no sistema de integração, com o plantio de aproximadamente 60.000 mudas de eucalipto. Foto: Grazy Maia O engenheiro agrônomo, Adriano Calixto explica o porquê o Sistema ILPF é classificado como sistema de produção sustentável. “Diferentemente do observado em sistema de monocultura, que é o cultivo de uma única espécie, nesse caso, o milho. No sistema de ILPF, o plantio consegue otimizar o uso da terra diversificando sua renda e aumentando sua produtividade por área, além de reduzir a pressão por abertura de novas áreas, principalmente em área de cerrado e em vegetação nativa, assim como ele pode também mitigar as emissões de gases do efeito estufa já que na maioria das vezes ele vai utilizar o fogo.” E ressalta sobre o uso dessa tecnologia. “Gostaria de salientar os objetivos dessa tecnologia que é o uso do ILPF, no que diz respeito ao solo, temos ganhos por conta da maior quantidade de matéria orgânica, que é a cobertura do solo tanto pelos restos culturais, como pelos resíduos gerados pelos eucaliptos, maior ciclagem de nutrientes, pois a ciclagem é o aproveitamento do resíduo ficado da cultura anterior, melhora a condição para o desenvolvimento de microorganismos, que é um solo mais rico em matéria orgânica, maior infiltração de água, menor perda de umidade e menor risco de erosão, que é um dos grandes problemas do nosso lavrado, que são solos arenosos. Pois a questão da erosão leva o assoreamento de igarapés, lagos, rios e nascentes.” O coordenador explana sobre o porquê eucalipto e não outras espécies nativas, tanto nas ilhas de cerrado como no bioma amazônico. “Uma das explicação está no potencial de crescimento, pois se será utilizado uma espécie onde há o interesse econômico nela, tem que escolher uma espécie adaptada ou multiplicada sob condições de pesquisa que comprovadamente seu desenvolvimento seja rápido, ofereça materiais de qualidade para que possa ser oferecido como produto no mercado, que é o caso do eucalipto, que por ser uma planta de arquitetura ereta e bem formada, sem nós e que oferece condições de madeiras tanto para exploração econômica, tanto pro múltiplo uso dela.” Ressalta ainda a importância da integração lavoura-pecuária e floresta. “A importância está em promover a recuperação de áreas degradadas. Tanto do solo, como áreas de campos nativos que nunca passaram por um processo de recuperação, pois são solos ácidos, com pH baixo e com pouca disponibilidade de nutrientes, onde observamos apenas o desenvolvimento de espécies nativas rústicas e submetidas a condições de seca e de invernos rigorosos e esses solos sofrem problemas de erosão, de degradação, por isso que o ILPF traz a integração de graminhas, culturas de grão, espécie florestal e o uso da pecuária pra colher a grama plantada.” O sistema de ILPF é uma estratégia de produção que integra culturas anuais, no caso das comunidades indígenas de Roraima, o uso de capim para que tenham forragem para engordar o gado, que é uma geração de renda, e no mesmo espaço é colocado em consórcio a questão do componente florestal que é uma espécie que dará retorno. Então ao invés de plantar só eucalipto em uma área, em outra grão e apenas pastagem em uma terceira área, se unir os três sistemas na mesma área, consegue-se otimizar os insumos, o espaço e ter mais benefícios, seja a rentabilidade financeira, ou pela diminuição sobre o desmatamento e o uso do fogo nos lavrados. Bem como a pressão que há sobre as ilhas nativas, que é a famosa roça de toco(poço) que faz parte da cultura tradicional da Amazônia. Foto: Grazy Maia A seleção das áreas para plantio leva em consideração critérios técnicos de relevo, topografia, drenagem do terreno, fertilidade, tipos de solo. A participação da comunidade é fundamental, pois são eles que participaram do projeto na fase de limpeza, destoca, mecanização e plantio de milho em consórcio com eucalipto. Entre os principais produtores de celulose, papel e painéis de madeiras, o Brasil é referência mundial quanto ao cultivo de eucalipto e representa 1,3% do Produto Interno Bruto - PIB nacional e 6,9% do PIB industrial, além de gerar mais de 513 mil empregos diretos e cerca de 3,8 milhões indiretos. Confira os vídeos e sonoras dos entrevistados: https://drive.google.com/drive/folders/13QEXXvDoFx8qaRl2O_1-RZcae97WXlh4

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