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As articulações da política indígena para as Eleições 2024

Síntese do projeto desenvolvido na disciplina de Jornalismo Especializado I que teve como foco o jornalismo político. Por João Gabriel Leitão e Eduardo Garcia Jorge*. Nesta síntese, buscamos destrinchar em cinco pontos a realização do nosso projeto para a disciplina de Jornalismo Especializado I, que teve como foco o jornalismo político. Optamos por cobrir as articulações da política indígena para as Eleições 2024. Neste trabalho, apresentamos qual foi nossa proposta inicial e logo depois fizemos um balanço do que buscamos com cada uma das sete produções jornalísticas que realizamos. Após isso, refletimos sobre as dificuldades que encontramos durante o processo, os resultados alcançados — que foram muito diferentes dos que antecipamos quando definimos o Plano de Ação — e nossas conclusões após a investigação que fizemos.   Proposta Inicial A ideia inicial do projeto era 1) realizar uma cobertura jornalística de pré-candidaturas indígenas, mais especificamente as da federação Rede/PSOL — que foram os únicos partidos a confirmar pré-candidatos ainda que extraoficialmente até março de 2024, data do início das produções — e 2) uma análise da comunicação atrelada às campanhas desses pré-candidatos indígenas em meio ao cenário político roraimense nas eleições municipais de 2024. O material jornalístico produzido seria publicado em um website e enviado por e-mail a assinantes através de uma newsletter. A justificativa para a proposta era acompanhar, avaliar e analisar como funciona e como seria feita a campanha eleitoral de partidos de esquerda especificamente voltados a lançar candidatos indígenas em Roraima, estado que tem apenas um município gerido por um partido de esquerda e que foi o que mais votou em direitistas na última eleição federal (2022). O objetivo geral do projeto era acompanhar e analisar, através da cobertura jornalística para uma plataforma informativa (website e newsletter), pré-candidaturas indígenas e as estratégias de comunicação de partidos políticos que pretendiam lançar candidatos indígenas às próximas eleições municipais. Com isso, pretendíamos 1) criar uma plataforma informativa a respeito das movimentações de partidos que lançaram candidatos indígenas no cenário político roraimense nos meses seguintes, 2) entender como o cenário político roraimense funciona atualmente e reage aos pré-candidatos indígenas lançados e 3) analisar as estratégias de comunicação de um partido político de esquerda que lançaria candidatos de grupos minoritários às eleições municipais de 2024 em um estado majoritariamente alinhado à direita.   Balanço das Produções Em nossa Produção Jornalística 1 (PJ 1), buscamos pavimentar o caminho para o restante da cobertura que faríamos das movimentações político-partidárias indígenas para as Eleições 2024. Na PJ 1, falamos sobre a Campanha Indígena, articulação do movimento que estimulou as candidaturas indígenas em todo o país (“Aldear a Política”) e como essa dinâmica influenciou na política indígena em Roraima. Nessa produção, refletimos também sobre o cenário pós-Eleições 2022 e perspectivas de futuro, visando as Eleições Municipais de Outubro. Já na Produção Jornalística 2 (PJ 2), nosso objetivo foi aprofundar as informações a respeito do cenário e perspectivas da política-partidária indígena em Roraima. O objetivo da PJ 2 foi entender como o movimento se articulava para disputar cargos nas Eleições 2024 após os últimos dois pleitos. Em meio à apuração, pudemos conhecer mais da dinâmica da “ Política de Malocão” , que consiste na organização e tomada de decisões políticas feitas nas assembleias indígenas do interior do estado. Neste cenário, a base define os passos do movimento na luta pela ocupação de espaços na esfera pública. Na Produção Jornalística 3 (PJ 3), buscamos uma abordagem mais factual a respeito das pré-candidaturas indígenas. Em contato com representantes da Federação Rede-PSOL, que lançou a maior parte dos candidatos indígenas às Eleições 2024 em Roraima , pudemos atualizar as pré-candidaturas do partido. Seguimos com a mesma abordagem factual na Produção Jornalística 4 (PJ 4), mas, dessa vez, buscamos fugir um pouco da política-partidária, para falar sobre outro tipo de articulação do Movimento Indígena em Roraima: a formação política de jovens . Fizemos uma pequena cobertura de um curso de formação política para jovens de várias comunidades do interior, incluindo indígenas venezuelanos, que ocorreu com apoio da Universidade Federal de Roraima. Nessa pauta, pudemos refletir sobre o futuro da política indígena e sobre como ela tem visto a juventude como uma possibilidade de se expandir cada vez mais. Antes de entrar nas últimas três pautas, é preciso contextualizar o fato de que interrompemos as produções por mais de três meses devido à greve das Universidades Federais. Com as aulas retornando a poucos meses das eleições, pudemos, portanto, realizar levantamentos mais precisos, com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre as candidaturas indígenas. As Produções Jornalísticas 5 (PJ 5) e 6 (PJ 6) foram feitas com base em dados disponibilizados pelo TSE a respeito das candidaturas indígenas para as Eleições Municipais 2024 , sendo que, na primeira, levantamos estatísticas a respeito dos registros gerais (de homens e mulheres), onde constatamos mais um aumento na série histórica que começou no pleito de 2014 e se intensificou a partir das Eleições de 2018. Nessa produção, portanto, pudemos refletir se esses aumentos significavam que a representatividade também cresceria. Já na segunda (PJ 6), focamos apenas nos números de candidaturas de mulheres indígenas , onde, ao consultarmos uma candidata indígena roraimense, buscamos expor que, apesar das candidaturas femininas também terem apresentado aumento, elas seguiram como minoria em relação aos homens concorrendo ao pleito. Já a nossa produção de conclusão do projeto, a Produção Jornalísti ca 7 (PJ 7), foi pensada tanto para concluir o projeto, como para abrir questionamentos a respeito da política indígena em Roraima. Na PJ 7, após fazermos um levantamento das propostas voltadas às populações indígenas nos planos de governo oficial de candidatos à Prefeitura de Boa Vista, constatamos que uma candidata, nesse caso, Catarina Guerra — que é a segunda colocada em pesquisas de intenção de voto — não apresentava propostas efetivas para a proteção dos direitos e à vida dos povos originários. Com isso, pudemos falar sobre a importância de eleger pessoas indígenas para cargos públicos , com o objetivo de falar sobre como isso poderia garantir a formulação efetiva de políticas públicas voltadas para os povos tradicionais, reconhecendo não só seus direitos, como a diversidade cultural e especificidades de cada um dos que existem no estado.   Dificuldades Ao longo da realização do projeto, percebemos o quanto é difícil cobrir a política indígena em Roraima “de fora para dentro”. Encontramos dificuldades na construção de uma rede efetiva de fonte e no acesso e contato com pessoas que estão na base do Movimento Indígena roraimense. Outra dificuldade foi o fato de que a política indígena em Roraima acontece, de fato — e constatamos isso com nossas produções — nas assembleias organizadas na base, dinâmica conhecida como “Política de Malocão”. Essas assembleias ocorrem, geralmente, em comunidades do interior do estado. A distância não só nos impediu de poder acompanhar as decisões mais de perto, como também dificultaram o contato via internet com fontes ligadas ao movimento, já que na maior parte das vezes não há conexão estável nesses locais. Ao longo das produções, fracassamos em acessar às fontes — inclusive do próprio Conselho Indígena de Roraima — que às vezes nos respondiam dias depois do envio da demanda, afirmando que estavam em campo realizando ações ou participando de assembleias no interior.   Resultados Alcançados Algumas mudanças ocorreram em relação à proposta inicial do projeto. Primeiro, tivemos que mudar o foco das produções, pois à medida que descobrimos mais sobre a articulação do Movimento Indígena em Roraima, mais percebemos que algumas dinâmicas não ocorriam como pensávamos quando decidimos por esse tema. Não conseguimos, portanto, fazer uma análise aprofundada da comunicação atrelada às campanhas de pré-candidatos indígenas para as Eleições 2024, já que focamos na nas dinâmicas da articulação da base do movimento, que julgamos mais importantes para nossa cobertura ao longo do processo. O material produzido foi publicado no Portal Amazoom, e não em um website e newsletters próprios como havíamos proposto inicialmente. Isso foi um pedido do professor, que viu no projeto uma oportunidade de cobertura a longo prazo e maior praticidade nas publicações. Uma de nossas premissas seria acompanhar apenas as pré-candidaturas da Federação Rede-PSOL, mas descobrimos, ao longo das produções, que a política-partidária indígena não se restringe a esses partidos, principalmente no interior do estado. O foco do material, portanto, não se restringiu somente ao PSOL e Rede, mas à política indígena e suas dinâmicas como um todo. Acreditamos que cumprimos com êxito o objetivo de entender como o cenário político roraimense funciona atualmente e reage à política indígena.   Conclusões A principal conclusão a que chegamos foi a de que é ideal que a cobertura da política seja feita “de dentro para fora”, em constante contato e participação junto à base do Movimento. A construção de uma rede de fontes que esteja próxima ao movimento, mas principalmente o envolvimento de pesquisadores e jornalistas nas assembleias e ações da base permite um maior entendimento da articulação de pessoas indígenas em relação à política no geral, não somente partidária. Consideramos que a experiência foi enriquecedora para o nosso entendimento não só da política indígena, mas de como os povos originários funcionam e se organizam para ocupar mais espaços na sociedade.   * Grupo 2 . Conteúdo experimental produzido no escopo da disciplina JOR53 – Jornalismo Especializado I

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