Por Carlos Barroco
No texto passado trouxe alguns pontos que concretizavam que o massivo apoio roraimense ao presidente eleito Jair Bolsonaro não poderia ser considerado uma mudança de paradigmas, mas sim a sequência de um costume do estado: votar no candidato mais “à direita” possível.
No entanto não pude deixar de notar que em meus argumentos acabei por não abordar o possível motivo de um posicionamento político tão firmado quanto esse. Então vamos lá, na tentativa de entendermos um pouco o que pode ter acontecido para resultar em tal conduta.
Bom, todos sabem que Roraima tem um carinho especial por militares. Boa Vista em por si só já se mostra um tanto quanto saudosista a conhecidos militares e suas práticas, se você ainda não notou lhe refrescarei a memória: temos um bairro e um colégio chamados 31 de março (data da tomada do poder pelos militares em 1964), a maioria dos nomes de nossas ruas são de generais, como a rua general Penha Brasil, avenida general Ataíde Teive e muitos dos prédios públicos da cidade também seguem esse mesmo padrão.
O motivo para tais nomeações são explicáveis pelos próprios atos dos militares, é inegável a melhoria de infraestrutura que ocorreu em Boa Vista, enquanto Roraima ainda era território, durante o governo militar. Para explorar a Amazônia e facilitar a ocupação nas proximidades da floresta visando evitar um possível ataque estrangeiro, os militares pavimentaram estradas, e de forma geral incrementaram a infraestrutura da região.
Acabaram então deixando uma boa, senão ótima, primeira impressão aqui, tanto que essa dura até hoje refletindo na eleição de um militar diretamente para a presidência da república e de um governador do estado, até então desconhecido politicamente, que por ele foi apoiado.
Grande parte do povo roraimense afirma que o melhor governador que o estado já teve foi Ottomar de Sousa Pinto, que era nada mais nada menos do que um Brigadeiro da aeronáutica.
Como esperar que um povo com todos esses “bons exemplos” de militares confie o poder de comandar o país nas mãos de Fernando Haddad, bacharel em direito, mestre em economia, doutor em filosofia e professor de ciência política da Universidade de São Paulo ao invés entrega-lo de Jair Bolsonaro, que foi formado na Academia Militar das Agulhas Negras, serviu nos grupos de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército Brasileiro e é “mito” nas horas vagas?
Eu diria que foi uma disputa até que injusta.
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