Por: Isaque Santiago
Uma das culturas que mais crescem no setor primário em Roraima é a do plantio de grãos. Segundo dados da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), somados, milho, arroz e soja contam com uma área plantada de 65 mil hectares. Deste total, 40 mil são apenas de soja que na safra 2019 atingiu a marca de 120 mil toneladas de produtividade, uma média de 55 sacas por hectare, movimentando R$ 170 milhões.
O plantio de soja cresce a cada ano, em 2015 foram plantados 17 mil hectares com uma produtividade média de 40 mil toneladas. No ano seguinte subiu para 25 mil hectares com produtividade de 50 mil ton/ha. Em 2017 foram 32 mil hectares e produtividade de 96 mil ton/ha. Já em 2018 foram 36 mil hectares e produtividade de 100 mil toneladas. Em comparação com o ano de 2015, o crescimento na área plantada foi de 135% com a produtividade triplicada.
Conforme levantamento da Coordenadoria Geral de Estudos Sociais e Econômicos (CGEES) da Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), a soja é o maior produto de exportação de Roraima. Toda a produção é comprada pelo grupo Amaggi. A trading é uma das empresas líderes do agronegócio na América Latina e atuando em sete países.
Para o economista e titular da Seapa, Emerson Baú, o setor primário é a saída para o desenvolvimento econômico de Roraima, em especial o plantio de grãos em consórcio com a pecuária. “Roraima é um Estado que ainda enfrenta uma série de empecilhos para que cresça e se desenvolva de forma efetiva, mas é uma terra com vocação para a produção de alimentos”, explicou.
Ele frisou que o Governo do Estado trabalha para destravar esse crescimento com ações voltadas para regularização fundiária, ambiental, defesa agropecuária e questão energética. “O Governo precisa dar essas condições para que o setor primário gere emprego e renda. Com esse desentrave o Estado teria condições de receber inclusive agroindústrias”, disse.
Baú explicou que com a agroindústria, Roraima deixaria de ser apenas um exportador de commodities, que nada mais é do que a matéria-prima bruta. “Hoje nossa soja é vendida para o grupo Amaggi, que recebe ela no porto de Itacoatiara, no Amazonas, a cerca de 800 km de Boa Vista. De lá ela vai para o restante do país e até mesmo para Europa, onde é beneficiada e transformada em diversos subprodutos como o óleo, por exemplo”, detalhou.
Com as condições e infraestrutura necessárias, a agroindústria se instalaria em Roraima. A partir daí as commodities seriam beneficiadas. A soja, por exemplo, poderia se transformar em óleo, farelo, proteína texturizada, biscoito, leite, pães, entre outros.
“Nós agregaríamos valor ao produto, que saindo daqui beneficiado gera muito mais lucro. Além disso, o setor secundário, que é o que transforma matéria-prima, extraídas pelo setor primário, em produtos de consumo geraria muitos empregos, refletindo até mesmo no setor terciário, que nada mais é do que atividade de comércio de bens e à prestação de serviços”, pontuou.
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