Há 23 dias o movimento indígena de Roraima está mobilizado na Terra Indígena São Marcos, comunidade Sábia, no II Acampamento Terra Livre (ATL), “Luta Pela Vida”. São mais de 2 mil indígenas de oito povos, incluindo lideranças tradicionais, homens, mulheres, jovens e crianças que com cantos pinturas, danças e trajes tradicionais dizem “fora Marco Temporal!”.
Além do protesto na comunidade Sabiá, há outras mobilizações na comunidade Tabalascada, região Serra da Lua, Centro Willimon, e Pedra Preta, na região Serras, Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
“Essa mobilização é de muita importância para o movimento indígena, através dela estamos reivindicando nossos direitos. Estamos aqui nos mantendo com alimentos que produzimos em nossas terras. Não queremos nada de ninguém, queremos o que por direito é nosso”, disse o coordenador da Região Murupú, Alexandro Chagas.
A juventude indígena, que também está presente, tem se destacado nas mobilizações do movimento. É uma juventude guerreira que mostra força e resistência a favor de todos os povos. “Hoje a luta é contínua nas nossas terras indígenas, é árdua, não é fácil, e nós enquanto juventude temos essa missão de proteger nosso povo e a nossa mãe terra”, destacou a assessora da Juventude Raquel Wapichana.
Importante liderança tradicional, a pajé Mariana também participa das mobilizações. Ela disse que teme pelo presente e pelo futuro das próximas gerações. Para ela, a terra é muito mais que um espaço geográfico, é a vida dos povos indígenas. “O governo atual quer acabar com o nosso povo, acabar com nossas florestas, acabar com nossa água, estamos sofrendo com os garimpos ilegais em nossas terras, o Marco Temporal nasceu ontem e nós já existimos antes de 1988”, disse a pajé.
Mesmo em meio à pandemia da Covid-19, os povos indígenas do Brasil decidiram sair de suas comunidades para reivindicar a importância do território. “O Marco Temporal acaba com a história dos povos indígenas e dizer que nós existimos, resistimos e insistimos, a colonização chegou aqui em 1500 nós já estávamos aqui, nós povos indígenas somos originários dessa terra”, afirmou o coordenador da juventude, Alcebias Sapará.
No dia 09 de setembro de 2021 o ministro e relator do processo Edson Fachin votou contra o uso da tese ruralista do marco temporal, marcando a primeira vitória dos povos indígenas neste julgamento que define o futuro dos povos indígenas de todo o Brasil. O julgamento entrou em intervalo logo após o voto de Fachin, e vai retornar na próxima quarta (15). As mobilizações continuarão até o fim do julgamento.
Fonte: ASCOM/CIR e rede de comunicadores Wakywai
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