Neste domingo, 12/01/2025, representações de indígenas de várias etnias empossaram a nova diretoria da Organização dos Indígenas da Cidade do Estado de Roraima (ODIC/RR) para um mandato de 4 anos. O evento realizado no bairro São Bento contou com a participação da UMIAB e do escritório do Ministério da Cultura em Roraima.
A entidade foi organizada 15 anos atrás e tinha abrangência apenas no município de Boa Vista, surgida de uma articulação de docentes e discentes do instituto Insikiran (UFRR), a organização sofreu uma alteração estatutária, transformando-se em uma organização representativa dos indígenas em contexto urbano que moram nos 15 municípios de Roraima, a regularização jurídica foi conquistada em 14/12/2024.
Para Melania Pascoal, Tuxaua Estadual da ODIC/RR, da essa alteração era necessária, em virtude de indígenas em todas as cidades enfrentarem os mesmos problemas de discriminação, ausência de políticas públicas específicas e falta de reconhecimento por parte da Funai, devido o processo de desaldeamento. “Nós não deixamos de ser indígenas por morarmos na cidade, vários são os motivos que nos fazem sair das comunidades e termos que tocar nossas vidas por aqui, especialmente o cuidado com a saúde, a educação e a sustentação econômica são os principais potencializadores dessa mudança em nossas vidas”, afirmou Pascoal.
Hoje a instituição desenvolve ações em torno da luta de direitos específicos para os indígenas em contexto urbano, mas também desenvolve projetos de autossutentabilidade que permitam dignidade aos povos que vivem nas cidades. O fomento, por meio das leis de incentivo a cultura do governo federal é uma das principais ferramentas para fortalecimento do artesanato e do Parixara (dança tradicional dos povos indígenas do Leste de Roraima).
Uma das características da nova diretoria é uma participação significativa de jovens na composição da diretoria empossada, possibilitando um processo de renovação das lideranças indígenas. Para Melania Pascoal, Essa participação dos jovens é importante especialmente para superar os processos de violências vividas por muitas famílias, situação que atinge principalmente nossas mulheres.
O evento contou com a participação de Flávia Beserra pelo núcleo do Ministério da Cultura de Roraima, Telma Taurepang pela UMIAB e Emanuelly Thomé pela secretaria estadual dos povos indígenas de Roraima. Após a composição da mesa a secretária, Maria Angela, apresentou demandas da instituição que necessitam ser avaliadas pelas instituições públicas. “Precisamos que o poder público nos esculte de forma efetiva, especialmente pela vulnerabilidade que muitas famílias indígenas estão expostas no contexto urbano. O financiamento de nossas manifestações culturais e o acesso a equipamentos melhoraram nossa capacidade de trabalho sendo experiências positivas que precisam ser fortalecidas”, disse Angela.
Para a presidente da ODIC/RR além do incentivo a sustentação econômica a entidade enfrenta o processo de reconhecimento da Funai que em virtude do desaldeamento nega o registro de indígena. Além de lutar por políticas específicas para os indígenas que moram na cidade, “por exemplo queremos que no programa Minha Casa, Minha Vida tenhamos unidades habitacionais específica para tender nossos povos. Além de lutarmos por uma casa de passagem para os indígenas. Muitas pessoas tem que vir a cidade para resolver muitas coisas e não tem aonde ficar, encontram-se de favor de parentes e amigos, precisamos de um lugar onde possamos ficar enquanto estamos aqui na cidade”, disse Melania Pascoal.
Consiste em um grupo de dança Parixara que promove a cultura dos povos indígenas no contexto urbano. Segundo Melania Pascoal, o coletivo cultural foi organizado em 2020, sendo composto pelas dançarinas e músicos que criam suas próprias composições para realização das apresentações. “Nosso grupo é a defesa de nossa cultura, do nosso jeito de viver. Nestes 4 anos avançamos muito, começamos com uma oficina e hoje realizamos apresentações em vários locais levando nossa dança e música indígena”, disse Melania. Os integrantes do grupio de dança são principalmente jovens e crianças já nascidas no contexto urbano, as quais, sendo Malania aproximam-se dessa forma com suas origens, mantendo viva a forma de vida dos povos indígenas.
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