Por Daniele de Jesus e Nascilene Araújo
A depressão é um transtorno mental que, desde 2019, afeta cerca de 16 milhões de brasileiros com idade superior a 18 anos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). É uma doença séria que afeta a vida social e profissional do indivíduo e prejudica o andamento de atividades importantes durante seu dia a dia.
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Segundo a psicóloga Andreína Aguiar, a pessoa acometida pela depressão tende a perceber tudo de forma negativa, e acaba construindo episódios pessimistas sobre suas próprias dificuldades, e é neste momento que a família auxilia o paciente a olhar a vida de outro ângulo e a não converter os problemas em catástrofes, pois essa é a tendência da pessoa depressiva, então, é na família que o paciente busca apoio, consolo e compreensão.
“Os familiares ou amigos próximos têm esse papel de influenciar e até levar o paciente a um profissional, motivando a pessoa a não largar o tratamento que muitas vezes é demorado, entretanto, é importante que tenham conhecimento sobre a doença, compreendendo que alguns comportamentos e atitudes estão relacionados a depressão, isso vai facilitar o convívio entre eles, pois essa doença afeta a todos e os cuidados devem ser redobrados” disse Andreína.
Esse bom convívio familiar pode influenciar de maneira positiva o quadro clínico do paciente e já que muitos deles são resistentes ao tratamento, é essencial que a família esteja presente, para dar acolhimento, ouvir e incentivar a busca por um profissional especializado.
“Um dos fatores que podem influenciar na piora do paciente é a falta de conhecimento sobre esse transtorno mental, deixando-o ainda mais deprimido” alerta o psicólogo Laerte Ramirez. “Por isso, a família deve buscar imediatamente uma orientação médica para entender a doença e dar o acolhimento necessário” completou.
De acordo com Ramires, outro fator importante é a atuação do psiquiatra, pois quando o quadro depressivo é grave, o cérebro para de produzir hormônios. Em alguns casos, a produção de quase todos é cessada, como por exemplo, a dopamina que é responsável pelo sentimento de prazer e realização e a melatonina que faz com que a pessoa depressiva durma muito ou tenha insônia, nesses casos o psiquiatra vai agir passando medicação capaz de estimular esses neurotransmissores ocasionando uma melhora.
É aí que entra a atuação da família auxiliando com os medicamentos para que o paciente fique mais estável para o atendimento com o psicólogo, ou seja, o psiquiatra entra com o tratamento químico e o psicólogo na causa que levou aquela pessoa à depressão.
A mãe de Jascinildes Sousa, Maria Soares, foi diagnosticada com depressão há 14 anos. Jascinildes conta como é difícil lidar com essa situação: “É angustiante! E é necessário ter muita calma com ela durante o tratamento” disse.
Jacileide afirma que a família só fala sobre coisas alegres a fim de distrair a mãe. “Nós conversamos, brincamos e não tocamos em assuntos tristes, não falamos sobre as necessidades e problemas que estamos passando naquele momento. Temos que sempre estar com pensamentos positivos” disse ela.
Infelizmente, nem todos conseguem lidar corretamente com familiares ou amigos depressivos e acabam agravando ainda mais o problema. Por esse motivo, o familiar deve procurar orientações com o psicólogo ou psiquiatra para compreender melhor a situação e saber como pode ajudar.
“Se a pessoa não entende o que é a depressão, ela cobra reações que o paciente não tem condições de dar, pois a falta de produção dos hormônios aniquila a energia, e o seu prazer de viver, levando ao sentimento de inutilidade e culpa e por não ter uma orientação do que deve fazer, o paciente por seu caso agravado encontra uma solução lógica, porém não assertiva no suicídio. Mas quando a família busca orientação de um profissional e busca entender a doença, o quadro desse paciente muda, pois ele vai se sentir acolhido e compreendido” disse Laerte.
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