Durante a conversa, a diretora da pasta traçou um panorama geral da situação atual do estado nas ações de controle das arboviroses dengue, zika e Chikungunya, bem como sobre os próximos direcionamentos a serem tomados após a finalização do LIRA’a
Em mais uma das ações do projeto ArboControl no Acre, a equipe regional conversou, na última semana, com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) Márcia Andrea Morais, a respeito de quais estratégias estão sendo definidas em prol do combate às arboviroses no estado.
Foto: Divulgação
O panorama geral dado pela coordenadora é de que, em termos gerais, ainda existem muitas dificuldades dos municípios, principalmente durante este período de pandemia de Covid-19, em alinhar equipes para ir a campo combater o vetor, seja com ações mais incisivas como retirada de entulhos ou até mesmo com a própria visitação nas residências.
“Alguns municípios conseguem fazer campanhas educativas mais robustas, com a participação das escolas e da comunidade em geral, porque se articulam bem. Já outros não têm boa articulação e as ações acabam sobrando para a própria Sesacre. Existe uma série de diferenças de um município para o outro”, frisou.
Ainda de acordo com Andrea, em decorrência da chegada do inverno amazônico, é esperado que haja um aumento de casos, mas a meta é de sempre manter o controle e não deixar que o número de criadouros do mosquito Aedes Aegypti aumente de forma a criar um colapso no sistema de saúde.
“(O aumento de casos) está dentro do esperado em uma avaliação que fazemos dentro das curvas epidêmicas, considerando a série história de cada município. Trabalhamos com um diagrama de controle onde fazemos um acompanhamento semanal da situação de cada um”, disse. O diagrama de controle visa identificar se o aumento no número de casos é dentro do esperado ou não.
Foto: Reprodução/Internet.
CAPACITAÇÕES
Recentemente, mais precisamente desde julho deste ano, a equipe de Vigilância Epidemiológica visitou os 22 municípios acreanos para orientar os profissionais acerca de como agir, de forma prévia, para o controle do vetor e impedir que haja um surto de casos, assim como aconteceu no início do primeiro semestre de 2021.
A ideia das visitas técnicas é de apresentar uma série de recomendações documentadas sobre o que os profissionais de saúde devem fazer para manter o controle. Já a parte de execução, fica totalmente na responsabilidade de cada secretaria municipal.
“Nós não temos, a priori, o poder de fazer intervenção nos municípios, a não ser que eles solicitem, ou se em uma visita técnica, acompanhamento ou monitoramento, identificarmos que o município não tem capacidade de assumir aquelas ações. Existem normativas que direcionam as ações que devem ser feitas. Se seguir tudo direitinho, não vai ter problema”, destacou.
O que ela e a equipe de visitação técnica observou, durante as visitas, é de que muitos profissionais que, inicialmente, estavam alocados nas ações de controle das arboviroses, foram remanejados para o âmbito do combate a Covid-19. Por falta de pessoal, segundo ela, as ações acabam sendo prejudicadas. “A rotatividade de gestão e de equipe também prejudica muito o desenvolvimento das ações”, complementou.
Para intensificar as ações de combate, a Prefeitura de Rio Branco realizou, recentemente, um processo seletivo para contratação de novos profissionais.
Foto: Reprodução/Prefeitura de Rio Branco.
PLANO DE AÇÃO
Com a chegada do período de chuvas, é comum que o número de notificações de dengue aumente dentro do esperado. Por conta disto, o Ministério da Saúde estabelece que em todos os anos seja feito, em três etapas, o Levantamento de Índice Rápido para Aedes Aegypti (LIRA’a), que visa verificar o índice de manifestação do vetor.
De acordo com a chefe do departamento, mesmo ainda não tendo os dados gerais da realidade de cada município, a situação em algumas regiões do estado pode se agravar se as ações não forem postas na prática. “Os municípios estão concluindo, mas tem uns que não estão nada bem com os índices de manifestação, que significa dizer que pode ter possibilidade de ter surtos”, comentou.
É válido destacar que para cada 800 a mil imóveis, é preciso ter um agente responsável para trabalhar com o plano de ação das arboviroses. Nisto, entram casas, construções, terrenos baldios, comércios e imóveis contra estratégicos, que são aqueles locais onde possuem grande vulnerabilidade em virtude da grande quantidade de criadouros que podem ter, e que precisam ser visitados de forma quinzenal.
Diferentemente das residências, a indicação de periodicidade para visitação em terrenos baldios é de que seja feita a cada 15 dias.
Foto: Reprodução/Internet.
RIO BRANCO
No caso da capital do estado, o LIRA’a foi finalizado nesta semana. Como se trata da maior cidade do Acre, Rio Branco é dividido por “extratos”, compostos por aglomerado de bairros elencados tanto por proximidade como por características em comum.
A coordenadora falou que um extrato deve ter de 9 mil a 12 mil imóveis, e que Rio Branco foi estratificada visando facilitar os trabalhos, “porque a região do Segundo Distrito, por exemplo, tem uma realidade diferente da região do Tancredo Neves. O LIRA’a tem essa função de identificar onde que se deve ter olhar diferenciado, e onde que é necessário intensificar os trabalhos”, complementou.
Para esse trabalho, o próprio sistema sorteia os imóveis a serem visitados. No caso dos pontos estratégicos, que são locais de grande manifestação de mosquitos como cemitérios e borracharias, estes são observados com um olhar diferenciado, visto o grande potencial de criadouros do mosquito. Contudo, para que isto aconteça, é preciso que o reconhecimento geográfico, por exemplo, seja atualizado constantemente. Isto consiste em saber quantas casas, comércios, terrenos baldios e outros imóveis existem em determinado bairro.
Como a Equipe Arbocontrol Acre ainda não teve acesso, na íntegra, aos dados referentes às três amostragens do LIRA’a, o que se sabe até o momento é de que a situação é de alerta em alguns bairros da capital. Com isto, a coordenadora finalizou dizendo que é necessário enfatizar a importância do combate às arboviroses de forma ininterrupta, e não apenas em períodos sazonais.
“É preciso intensificar, ainda mais neste momento em que as chuvas estão chegando, os métodos de prevenção, fazendo mutirões de limpeza, trabalho em parceria com associação de moradores e escolas, para quando chegar o inverno na Região Amazônica a situação não esteja tão crítica”.
Equipe da Semsa/Rio Branco discutem estratégias para combater o mosquito durante apresentação do resultado do LIRA’a.
Foto: Reprodução/Ascom.
Fonte: Arbocontrol Acre
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