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Entenda por que é importante que indígenas sejam eleitos para cargos públicos em Roraima

No estado, a falta de projetos e homogeneização das culturas indígenas dificultam formulação de políticas públicas efetivas e construção de cidadania.


Por Eduardo Garcia e João Gabriel Leitão*.

Formulação de políticas públicas efetivas e que reconheçam diversidade cultural dos povos indígenas é essencial (Foto: Reprodução/CIR).

“As comunidades indígenas que estão no perímetro do município de Boa Vista serão tratadas como todos os demais moradores da nossa cidade”, alegou a campanha da direitista Catarina Guerra, candidata à prefeitura da capital roraimense e deputada estadual, quando questionada pelo Portal Amazoom sobre a falta de propostas efetivas voltadas aos povos indígenas no seu plano de governo oficial.

 

“Hoje a prefeitura já possui diversos programas voltados especificamente a esse público, em especial na agricultura familiar indígena, que será ampliado para mais comunidades, ou seja, apenas uma ampliação de um programa já existente”, acrescentou a assessoria da deputada, em nota (Confira na íntegra ao fim da reportagem).

 

Não é novidade que os povos indígenas ficam de fora da formulação de políticas públicas de proteção à vida e direitos. Em Roraima, — estado onde a maioria da população é alinhada ao conservadorismo — esses povos sofrem ainda com a homogeneização de suas diferentes culturas, generalização e invisibilidade diante do poder público.


O artista, ativista e político indígena Bartô Macuxi (Foto: Divulgação).

Há anos, políticos indígenas buscam reverter esse cenário no estado, como o artista e candidato a vereador Bartô Macuxi (PSOL). “Estamos cansados de falsas promessas. Temos pautas importantes para defender e fazer com que o poder público aprove orçamentos em setores importantes para os povos indígenas e crie novos mecanismo de amparo e reparos a danos cometido por 524 anos de exploração”.



Como uma das vozes do movimento indígena em Roraima, Bartô acredita que o reconhecimento da diversidade dos povos originários só vai ocorrer quando houver representantes eleitos para cargos públicos.

 

“Não podemos aceitar essa imposicão de generalizar nossa cultura. Somos diferentes, temos histórias, ancestralidades, não somos filhos de piratas, ou migrantes europeus. Temos língua própria, gastronomia, nossos cantos, nossas danças, nossas crenças, nossos médicos espirituais”, dispara Bartô sobre a generalização das culturas indígenas.

 

Embora Roraima tenha a quinta maior população indígena do Brasil, com 97.320 pessoas  segundo dados do Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nas Eleições Municipais de 2020, dos 148 candidatos indígenas que disputaram, apenas 15 foram eleitos.

 

Este ano, já foram registradas 181 candidaturas indígenas, que fazem com que o estado siga com o maior percentual de candidatos indígenas do país, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Cientes da invisibilidade dos povos originários na esfera pública, o Movimento Indígena precisou adotar estratégias de articulação para ocupar mais espaços e garantir seus direitos. A partir de 2017, foi iniciada uma campanha nacional por mais representatividade político-partidária, que tomou forma através da Campanha Indígena nas Eleições de 2022.

 

Em todo o Brasil, foi definido portanto que a base do Movimento determinaria os passos a serem dados na política-partidária, incluindo a indicação de nomes de candidatos a partidos aliados ao movimento social no país.

Danças tradicionais durante Assembleia dos Povos Indígenas (Foto: Lohana Chaves/FUNAI).

Essa estratégia ficou conhecida como a “Política de Malocão”, que funciona a partir da realização das assembleias gerais indígenas, organizadas, por exemplo, pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR).

 

* Grupo 2. Conteúdo experimental produzido no escopo da disciplina

JOR53 – Jornalismo Especializado I.

 

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