Evento celebrou a “união, a luta, a resistência e as conquistas” do Conselho Indígena de Roraima no Centro Regional do Lago Caracaranã.
Vídeo-reportagem produzida pelo Amazoom durante a celebração dos 50 anos do Conselho Indigena de Roraima (CIR).
A história de um povo está na sua dança, nos rituais, na sua arte e principalmente na sua luta por respeito. “União, luta, resistência e conquista” – este foi o tema das comemorações de mais de meio século do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que foi marcado pelo encontro de dez etnias e mais de 400 comunidades. O cenário escolhido para o encontro foi o Lago Sagrado Caracaranã, no município de Normandia - um dos pontos turísticos mais conhecidos do estado de Roraima.
O Conselho Indígena de Roraima, em 2023 ele faz 52 anos. Porém a gente devido à pandemia, devido a tudo o que aconteceu no mundo, a gente foi adiando essa celebração. Ao longo desses 50 anos, pois a gente tem como ano base 1971. Nós temos esse ano base, porque foi nesse ano que ocorreu a primeira Assembleia dos Povos indígenas. E, foi uma Assembleia de decisão, de união dos povos! A gente estava perdendo os nossos territórios, a gente não tinha áreas demarcadas, então essa união ela ocorreu para isso! O Conselho Indígena foi criado com tripé: Educação, Território e Saúde – Enock Taurepang, Vice-coordenagor Geral do CIR.
Na foto histórica de 1971 um personagem se destaca: Jaci de Souza Macuxi. Na época ele foi eleito o primeiro líder do Movimento. O tempo passou, mas as ideias e conselhos para a nova geração continuam vivas.
Eu estou aqui hoje comemorando 50 anos do CIR. Quem começou a organização fui eu – o Conselho Indígena de Roraima! Eu estou feliz porque ainda estou aqui, conversando. Tem outros amigos que já estão no céu, com Deus! A nova geração, os que estão chegando, com seu estudo – porque nós não tínhamos estudo e hoje, nós temos indígenas advogados, deputado federal, prefeito, vereadores –. Esses jovens que estão estudando, eles têm que agarrar a nossa tradição, que nós vínhamos preservando. A nossa língua! Falando na nossa língua! Estudar e também entender o que é nossa língua! Então nesses dias aqui eu quero que pessoas entendam o que nós estamos agora contando da história – Jaci de Souza Macuxi, primeiro Coordenador do CIR.
Para o atual Coordenador Geral do CIR, Edinho Batista de Souza, a solenidade mostra o crescimento e o progresso na causa indígena:
A nossa maior conquista, no decorrer de todo essa luta travada, foi que a gente conseguiu falar por nós. Falar por nós! Porque, a gente tinha nessa questão a tutela. De que o indígena não tinha condições de se representar, de ter essas organizações e de fazer esses movimentos – fazer essas representações! Então nesses 50 anos a gente fez que a nossa voz, a voz dos povos indígenas, fosse ouvida. Para dizer que nós estamos aqui, que nós somos o povo nativo desse país – Edinho Batista de Souza, Coordenador Geral do CIR.
A celebração foi em dobro neste ano. O motivo: pela primeira vez na história uma indígena foi indicada para assumir o comando da Funai – Fundação Nacional dos Povos Indígenas. A indígena Joenia Wapichana.
Essa imagem toda é de fortalecimento: dos próprios povos indígenas e das mulheres indígenas. De uma atuação que já vem há muito tempo! Está há meio século e hoje o resultado é a criação do Ministério dos Povos Indígenas. É justamente a concretização do que se pensou há 50 anos atrás. Do protagonismo dos povos indígenas; do exercício dos direitos básicos; do respeito a essas especificações! Há diferenças culturais e que para isso, necessariamente, há muito tempo deveria ter o Ministério dos Povos Indígenas. Hoje nasce esse Ministério, com uma demanda já consolidada, mas protagonizada, principalmente, pelos povos indígenas ao assumirem este espaço – Joenia Wapichana, Presidente da Funai.
Enock Taurepang; Jaci de Souza Macuxi; Edinho Batista de Souza; Joenia Wapichana.
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