A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática será realizada em Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro.
Comunidades indígenas de todo o mundo reivindicarão na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que começa neste fim de semana em Glasgow, na Escócia, o papel fundamental que desempenham na defesa dos ecossistemas e na luta contra a crise climática, afirmou nesta quarta-feira (27), o líder indígena equatoriano Tuntiak Katan.
Coordenador geral da Aliança Global de Comunidades Territoriais (GATC, na sigla em inglês), Katan disse em entrevista coletiva virtual que as comunidades vão participar da cúpula com o objetivo de incentivar os governos a investirem "mais recursos em campo" e tomarem "ações concretas" para garantir os direitos das comunidades indígenas.
"Viemos a Glasgow para dizer ao mundo inteiro, aos governos, sociedade civil, que os cientistas já estão confirmando o que dizemos há centenas de anos: Devemos proteger a terra e os recursos", disse Katan, também vice-coordenador geral da Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica).
Zac Goldsmith, secretário de Estado do Pacífico e Meio Ambiente do governo do Reino Unido, país anfitrião da COP26, destacou na mesma coletiva como "deve ter sido frustrante e doloroso para as comunidades indígenas verem esta tragédia se desenrolar no mundo, apesar de terem alertado durante décadas".
"Enquanto outros criam os problemas, elas vêm oferecendo soluções, cuidando dos lugares mais preciosos para a biodiversidade", acrescentou.
O político britânico destacou que os indígenas e comunidades locais são os mais adequados para proteger seus próprios habitats, que coincidem com os espaços mais valiosos para o meio ambiente global, mas "precisam das ferramentas e recursos" necessários para isso.
Até agora, os governos do mundo investiram "quantidades minúsculas" nessa direção, algo que segundo ele "vai mudar" em Glasgow, onde espera que o progresso seja "acelerado" nessa direção.
Peter Veit, diretor da iniciativa Land and Resource Rights (LRR), promovida pelo World Resources Institute (WRI), destacou que "as evidências (científicas) são bastante claras".
"As populações indígenas e comunidades locais fazem contribuições significativas para a conservação das florestas e mitigação do clima. Esse debate acabou, agora é a hora dos governos e a comunidade do clima agirem", argumentou.
Em um relatório divulgado hoje, a iniciativa liderada por Peter Veit enfatiza a necessidade dos governos protegerem os direitos indígenas sobre seu próprio território de "ameaças externas" e apoiarem seus "esforços de gestão das florestas".
As terras comunais habitadas pelos povos indígenas contêm pelo menos 36% da cobertura florestal natural ininterrupta do mundo, espaços conhecidos como "florestas intactas", enfatiza o documento.
Esses territórios também contêm 80% da biodiversidade remanescente do planeta. "Isso não é uma coincidência", disse Goldsmith, ressaltando a importância do papel de "conservação" que a população local desempenha nessas áreas.
Darren Walker, presidente da organização filantrópica americana Ford Foundation, disse que as populações locais "foram desprezadas por muito tempo como os melhores guardiões da floresta".
"As soluções tecnológicas foram priorizadas, e muito pouca atenção foi dada a outras soluções da comunidade que também são importantes", disse.
Fonte: UOL
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