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Foto do escritorCarol Domingos

Cidade invisível: Série traz forte presença da região Norte na segunda temporada

Atualizado: 14 de abr. de 2023

A segunda temporada da série Cidade Invisível traz um olhar amazônico e mais representatividade em seu elenco.


Por Carol Domingos e Elane Oliveira.

Uma das lendas de Cidade Invisível retratas na série - Foto: Internet.


Após dois anos em desenvolvimento, a segunda temporada da série Cidade Invisível chegou ao cartaz da Netflix em 22 de março de 2023. Na primeira semana de abril, a dramartulugia alcançou o top 10 de séries mais assistidas mundialmente em 60 países, dando continuidade a muita fantasia e mistérios na Amazônia e na cidade de Belém do Pará, trazendo novos seres folclóricos, apresentados em 5 novos episódios.


Criada por Carlos Saldanha e produzida pela Netflix, a série desenvolvida pelos roteiristas e autores Raphael Draccon e Carolina Munhóz, foi estrelada pelo ator Marcos Pigossi que faz o papel do protagonista Eric, um policial ambiental que se envolve em acontecimentos estranhos após perder a sua esposa.


A história se passa dentro do folclore brasileiro que retrata a cultura da região norte, através de crenças e lendas que se baseiam em comunidades indígenas ou cidades pequenas que possuem ditados ou histórias em muitos lugares do extremo norte. Aliás, é uma série fictícia que o protagonista busca uma comunicação com a sua esposa, onde encontra um mundo oculto e de várias entidades mitológicas.


Para Adriano Barroso, ator da série, a principal ideia é repassar a importância da Amazônia.

Sou um ator brasileiro nascido no norte do país. Claro que participações em produções nacionais é importante e espero que haja mais trabalhos. No entanto, o que me interessa mesmo é falar da Amazônia para o mundo. Quero ver mais produções escritas e estreladas por nós nas telas. Essa é minha verdadeira função, disse.

Adriano Barroso, um dos atores do elenco que participa da série. Foto: Internet.


A série recebeu várias críticas por não ter uma representatividade indígena e pela falta de conexão das lendas amazônicas devido ao local de gravação que foi o Rio de Janeiro na primeira temporada e com isso na nova temporada, o elenco ficou mais adentrado na região norte, trazendo produções e artistas indígenas e tendo como foco principal as questões socioambientais e sociais que ocorrem na floresta e dentro das cidades.


Entre os dias 22 a 26 de março a série já havia ultrapassado mais de 11,130 milhões de reproduções assistidas por linguagem não inglesa, ficando entre a nona posição mundial. Porém, mesmo alcançando uma boa colocação, a plataforma de streaming não divulgou os países que impulsionaram o sucesso da produção brasileira. Já no Brasil, a série alcançou a sétima posição mais assistida.


Cenas de episódios retratados na série - Foto: Internet.


O paraense Renan Coelho, ator que interpreta um personagem que é braço direito de um vilão da história na série explica a produção realizada nos bastidores.

Tiveram coisas que mexeram muito comigo, primeira vez que eu vi um roteiro que tinha um modo de falar paraense, produção paulistana que tem assessoria de paraense, e foi forte nessa representatividade indígena, de pessoas diferentes em tela, relatou.

Bastidores da série Cidade Invisível - Foto: Arquivo Pessoal/Renan Coelho.


Primeira temporada


Lançada em 5 de fevereiro de 2021, a série conta a dramaturgia do detetive Eric (Policial Ambiental) que encontra um boto cor de rosa morto em uma praia do Rio de Janeiro. O detetive estava investigando o assassinato de sua esposa e se depara com um mistério que está além da compreensão humana. Várias entidades míticas que são despercebidas pelo mundo normal. Enquanto o protagonista investiga a morte de sua esposa que é remetida pelas crenças, Eric desvenda mistérios e descobre que ele é uma “meia entidade” e que o boto morto é seu pai.


Eric encontra o boto morto na praia do RJ - Foto: Internet.


No enredo, a principal simbologia é passada por um boto cor de rosa que foi encontrado morto em uma praia no Rio de Janeiro. O boto é um animal folclórico cujo é conhecido por se transformar em um homem sedutor para atrair mulheres e engravidá-las com o seu charme, desaparecendo dentro do rio, retomando para sua forma de animal. É muito famoso pelas suas vestimentas brancas e chapéu que tampa o topo de sua cabeça e por estar na beira do igarapé quando ocorre qualquer festa nas comunidades ribeirinhas.


Eric também descobre que o Corpo Seco é um espírito fugitivo de um antibiambientalista morto e desaparecido, que possuía a sua filha Luna. O espírito estava matando as entidades da floresta por vingança e é o responsável pela morte de Gabriela, que buscava por um posseiro forte. Em uma cena, Corpo Seco se transfere de Luna para Eric e tenta matá-lo, mas Eric sacrifica a sua própria vida matando a entidade.

Segunda Temporada


A segunda temporada começa após dois anos do desaparecimento do ex-policial. Eric surge em um santuário natural, onde é protegido por indígenas e é procurado por garimpeiros ilegal. Enquanto estava desaparecido, Luna e Inês retornaram para as proximidades do local para procurá-lo, de imediato Eric acorda e vê que está totalmente ligado às entidades e que agora tem poderes sobrenaturais.


Personagens Luna e Inês na região Norte - Foto: Internet.


A história sai da área urbana para a rural, produzida dentro da Floresta Amazônica e na cidade de Belém do Para, a série aborda questões sociais vivenciadas dentro das comunidades, com destaque para a exploração da natureza e o garimpo ilegal. Trazendo mais representatividade tanto nos personagens fictícios quanto no elenco, de figuras folclóricas e de culturas indígenas da região norte.


Elenco


Para essa segunda temporada o elenco escolhido pelo diretor Carlos Saldanha foi majoritariamente indígena, além dos personagens principais que compõem o elenco da primeira temporada com os protagonistas : Marco Pigossi, Manu Dieguez e Alessandra Negrini.


Após muitas criticas, a produção trouxe um elenco de atrizes indígenas, que são interpretadas por Kay Sara, Ermelinda Yepario e Zahy Tentehar e dentro dos bastidores, a cineasta Graciele Guarani dirige alguns episódios da serie.


Atrizes indígenas que interpretam as personagens Débora, Pajé Jaciara e Norato - Foto: Internet.

Contexto atual


Desde o início de 2023 a mídia está lotada de notícias acerca da exploração em terras indígenas pelo garimpo ilegal, com foco para a crise humanitária no território Yanomami.


A série está envolta em um conflito de interesse que leva a exploração do ouro em uma área sagrada. A personagem de Maria Caninana (Zahy Tentehar) traz a narrativa de uma indígena que foi tirada de seu lar e manipulada a trabalhar para aqueles que exploram o seu lar. O que pode ser trazido para a realidade vivida em regiões de garimpo, onde os indígenas são aliciados a trabalhar para essas pessoas em troca de comida, cachaça e dinheiro.


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