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Candidaturas indígenas registram novo aumento em Roraima: estado se mantém com maior percentual do país

Dados mostram que número de candidatos autodeclarados indígenas para câmaras municipais cresce a cada pleito, segundo dados do TSE.

 

Por Eduardo Garcia e João Gabriel Leitão*.

Número de candidaturas indígenas vem crescendo desde 2014 (Foto: divulgação/ PSOL-RR).

Com 181 candidaturas em 2024, Roraima se mantém como o estado com maior percentual de candidatos indígenas do país, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número é 23,65% maior em relação aos 148 registrados nas Eleições Municipais de 2020.

 

O aumento mantém o estado como líder proporcional de candidaturas indígenas em relação ao número total de registros, com 13,47%. Há quatro anos, o estado liderou no mesmo quesito, com 148 candidatos, ou 7,88%% do total. Na época, a porcentagem representou um aumento de quase 13% em relação a 2016.

 

Para este ano, em Roraima, candidatos autodeclarados pardos ainda são maioria (63,57%). Brancos ficam com a segunda colocação (15,84%) e pretos e amarelos — somados — não chegam a 7% dos registrados.

 

Entre os candidatos autodeclarados, 107 (quase 60%) são da etnia Makuxi, 37 são Wapichana e 25 não informaram ou não souberam dizer. Outros 12 declararam que são das etnias Ingarikó, Taurepang, Wai Wai, Jaricuna e Baré.

 

Articulação do Movimento Indígena

 

A tendência de aumento no número de candidaturas indígenas ocorreu também a nível nacional. Segundo levantamento da Revista Cenarium, foi constatado um crescimento de quase 12% nas eleições deste ano em comparação às eleições municipais de 2020.

 

Há quatro anos, foram 2.216 registros, que passaram a 2.483 neste ano, o que abrange 0,55% do total de 455.483 candidatos registrados no Brasil.

 

Assim como ocorre  desde 2017, em maior deste ano, durante o Acampamento Terra Livre (ATL), a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ao lado da presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana e da deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) voltou a fazer um chamamento pelo aumento no volume de candidaturas indígenas em todo o país.

Joenia Wapichana, Samara Pataxó, Sonia Guajajara e Célia Xakriabá durante o Acampamento Terra Livre (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil).

“Precisamos eleger vereadores, vereadoras. Precisamos de prefeitos e prefeitas. Precisamos fazer a nossa base eleitoral para 2026. Eleger deputados estaduais e aumentar a nossa bancada do cocar no Congresso Nacional”, disse Guajajara no ATL.

 

Busca por representatividade

 

Roraima tem a quinta maior população indígena do Brasil, com 97.320 pessoas  (15,29% do total de habitantes) segundo dados do Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que 1 a cada 7 pessoas que vivem no estado se autodeclarou indígena, como mostrou o site g1.

 

Embora o número de candidaturas venha apresentando crescimentos exponenciais nos últimos anos, a busca por representatividade segue como um desafio. Nas Eleições Municipais de 2020, dos 148 candidatos indígenas que disputaram, apenas 15 foram eleitos (7,64%).

 

Para a assessora-chefe de Inclusão e Diversidade do TSE e líder da Comissão de Promoção da Participação Indígena no Processo Eleitoral, Samara Pataxó, o aumento no número de candidaturas mostra um “evidente aumento do interesse e engajamento de pessoas indígenas na política partidária, na busca de se fazerem representadas nos espaços de poder e tomada de decisão”.

 

Entretanto, ela acredita que o baixo número de políticos indígenas efetivamente eleitos revela fragilidades e mostra que somente o interesse e disponibilidade dos candidatos não garante a efetiva ocupação de espaços na esfera pública.

 

“Necessitando assim de outros fatores que possam contribuir para este propósito, tais como: a abertura, o acolhimento, o incentivo e o financiamento dentro dos partidos políticos para alavancar as candidaturas indígenas, o apoio da sociedade em geral e a difusão de conhecimento e regras eleitorais de forma prévia para melhorar a preparação política das pessoas indígenas que pretendem se candidatar”, conclui.

 

Neste cenário, a busca pelo crescimento da bancada indígena deve seguirr em todos os níveis, como explica o professor e cientista político Roberto Ramos. “É importante que os indígenas participem mais do processo eleitoral, que se tenha mais candidaturas indígenas na política e, principalmente, que os eleitores indígenas possam levar essas candidaturas a terem sucesso eleitoral”, afirma.

 

Ramos explica que a eleição de candidatos indígenas, tanto na esfera municipal, como na estadual, significa maior possibilidade de formulação de políticas públicas que contemplem e respeitem os direitos e a diversidade dos povos originários.

Pessoas indígenas acompanham a 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima (Foto: Lohana Chaves/FUNAI).

“Ter indígenas com a capacidade de disputar e ganhar eleições para prefeitura, governo e ocupar espaços na esfera da gestão pública é fundamental”, continua. “A busca pela representação no legislativo permite trazer para o debate as questões indígenas e formular políticas públicas que atendam a essas populações”, finaliza.

 

* Grupo 2. Conteúdo experimental produzido no escopo da disciplina

JOR53 – Jornalismo Especializado I.

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