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Candidaturas de mulheres indígenas segue tendência de crescimento em Roraima, mas continua como minoria em relação a homens

Dados mostram crescimento de candidatos autodeclarados indígenas e maior conquista de espaço entre mulheres, mas homens continuam em maioria, segundo o TSE.

 

Por Eduardo Garcia e João Gabriel Leitão*.

Em 2024, foram registradas 11 candidaturas femininas a mais que em 2020 (Foto: Lohanna Chaves/Funai).

O número de candidaturas de mulheres indígenas em Roraima seguiu a tendência de crescimento dos últimos anos, mas ainda é menor que o de homens. Para as Eleições Municipais de 2024, dos 181 candidatos autodeclarados, 78 são mulheres, o que representa 43% do total. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Nas Eleições de 2020, dos 148 candidatos indígenas, 67 eram mulheres. Esses índices demonstram que, além da base, as mulheres buscam mais espaço também na esfera pública. Entretanto, o cenário segue dominado pelos homens.

 

Um levantamento feito pelo Portal Amazoom constatou que, em 14 dos 15 municípios roraimenses, o número de candidatos indígenas homens é maior que o de mulheres. Caroebe se destaca como a única exceção, porém, só há uma candidata indígena concorrendo ao pleito.

 

O crescimento reflete a força da mobilização de lideranças femininas indígenas que, em meio a desafios sociais e políticos, buscam quebrar as barreiras impostas por uma sociedade historicamente desigual, como enfatiza a candidata Lúcia Patamona. "Os desafios são muitos, mas não vou me acovardar diante das pessoas que têm carrões e dinheiro. Tentam nos intimidar, chamam os candidatos indígenas de ignorantes, analfabetos”.

 

Lúcia Patamona em reunião com apoiadores (Foto: Arquivo pessoal.

“Nós, mulheres indígenas, estamos prontas para lutar por nossos direitos", afirmou Lúcia, que é também professora de sua língua materna. Ela destacou que as mulheres indígenas trazem uma vivência única para a política, pois conhecem de perto as necessidades de suas comunidades. "Chegou o momento de mulheres como eu, que falam nossas línguas maternas e têm nossas vivências, estarem nesses espaços".




Para Lúcia, a presença feminina indígena não só fortalece a representatividade dos povos, mas também contribui para uma política mais inclusiva e respeitosa. O pensamento dela é reforçado por Samara Pataxó, assessora-chefe de Inclusão e Diversidade do TSE.

 

“Quando olhamos para a interseccionalidade de gênero, raça e etnia, fica evidente que as mulheres indígenas sofrem de modo mais acentuado os efeitos da invisibilidade e sub-representação política”, afirmou a advogada, que também é líder da Comissão de Promoção da Participação Indígena no Processo Eleitoral.


De acordo com Samara, a falta de apoio e reconhecimento às candidaturas indígenas é agravada por questões como o “subfinanciamento de suas candidaturas, cooptação para candidaturas fictícias (fraude à cota de gênero) e a violência política de gênero", explica, ao acrescentar que esses desafios precisam ser superados.

Samara Pataxó é a primeira mulher indígena a assessorar o Tribunal Superior Eleitoral (Foto: Reprodução).
Embora o aumento no número de candidatas indígenas no geral seja um sinal positivo, a representatividade ainda não se reflete plenamente em cadeiras ocupadas. Em 2020, dos 148 candidatos indígenas, apenas 15 foram eleitos — uma taxa de sucesso de 7,64%.

A representatividade indígena feminina, em especial, vai além da mera ocupação de espaços; trata-se de uma luta por voz e dignidade, como enfatizou Lúcia Patamona: "Nós, indígenas, negros, LGBTs, todos temos os mesmos direitos que o homem branco. Merecemos essa representatividade”, finalizou.


* Grupo 2. Conteúdo experimental produzido no escopo da disciplina

JOR53 – Jornalismo Especializado I.

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