Por: Bárbara Silva, Felipe Lopes, Fernanda Mesquita e Sol Moraes
“Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”. Esse slogan é o carro-chefe da campanha de marketing do candidato à presidência, em segundo turno, Jair Bolsonaro, do PSL (Partido Social Liberal).
Mas será mesmo que ele segue as ordens de Deus?
Bolsonaro se apresenta como um não-corrupto e político independente de alianças estratégicas. Assim, vem sendo visto cada vez mais como o salvador da pátria brasileira com seus discursos sobre a moral e os bons costumes. Grande parte do país aplaude suas falas e ideias, tanto até que não é surpresa que ele esteja disputando o segundo turno com o maior e mais poderoso partido do Brasil e, ainda assim, está garantindo a liderança nas pesquisas de intenções de voto.
A problemática deste cenário é que ele defende a caixa: os pensamentos tradicionais e incorporados na sociedade desde sempre. Bolsonaro não apoia as diferenças. Para isso, tem usado o nome de Deus para basear e impulsionar a sua campanha, ganhando espaço entre religiosos de todas as denominações. Porém, os versículos usados pelo candidato são somente aqueles que convém às suas ideias.
Veja a seguir algumas contradições do presidenciável:
O plano de governo de Bolsonaro traz citações bíblicas e mensagens de teor religioso. Há alguns dias, em uma propaganda do programa eleitoral gratuito, o candidato começou a usar um versículo 8:32, do evangelho de João: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Ele ainda completa: “É uma bandeira que ninguém acredita porque, como regra no nosso meio político, a mentira está acima de tudo”.
Pelas contradições da foto acima, podemos dizer que Bolsonaro interpreta a bíblia à sua maneira e leva os seus eleitores na mesma direção. Será que essa é a maneira certa de seguir Jesus Cristo? Será que o candidato ao menos entende mesmo da Bíblia?
Em um debate televisivo, por exemplo, Bolsonaro recomendou a Marina Silva, da Rede, que lesse o livro de Paulo, onde o discípulo diz: “Venda as suas capas e compre espadas”. “Está na Bíblia”, afirmou o candidato, “É que naquele tempo não tinha arma de fogo, senão com toda certeza seria ponto 50 e fuzil”, completou.
É curioso citar que esse trecho dito pelo candidato não é das Cartas de Paulo aos Coríntios, mas sim do evangelho de Lucas. Quando questionado sobre a confusão, ele admitiu o engano e continuou: “Eu não lembro qual livro. Jesus Cristo não foi totalmente passivo. Expulsou os vendilhões do templo. Se tivesse arma de fogo, seria usada”.
Jair Bolsonaro pega versículos e usa em suas falas, sem sequer contextualizar os seus eleitores do porquê um discípulo ou outro disse tal coisa. Ele interpreta os textos bíblicos à sua maneira, de forma que vá sempre beneficiá-lo, embasar as suas ideias autoritárias.
Mas não é o Deus que ele segue que nos ensina a viver como Jesus Cristo viveu? Em que passagem da Bíblia encontramos Jesus discriminando alguém, ainda que pecasse contra à sua palavra? Não foi o Jesus Cristo que Bolsonaro segue que perdoou uma adúltera?
Ele tenta vender a imagem de homem cristão, seguidor da palavra divina, mas não passa qualquer segurança de que sabe mesmo do que está falando. Quando ele diz que Deus defende o armamento, que Ele usaria arma de fogo contra outros indivíduos, ele transforma a figura divina, caracterizada por ser amor, bondade e misericórdia em algo maldoso, sem coração e de pouco valor.
É de se espantar que o candidato possua um apoio tão forte do público religioso, já que seus ideais, seu posicionamento e as atrocidades que o mesmo defende sejam totalmente opostas do que se é pregado nas maiorias das igrejas e vá totalmente contra ao que Deus realmente defende em sua essência.
No episódio 6 de Eleitores, série do site Buzz Feed Brasil, vemos eleitores que escolheram Jair Bolsonaro para o segundo turno e quais são os seus motivos. Assista acima a Deus, antipetismo e Bolsonaro.
CAIXA 2 - No dia 18 deste mês, uma matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo diz que empresas estariam comprando pacotes de divulgação em massa de mensagens contra o PT (Partido dos Trabalhadores) em um aplicativo de mensagens instantâneas para favorecer o candidato a presidência Jair Bolsonaro.
A notícia movimentou o Brasil e, mais uma vez, as redes sociais também. De um lado, pessoas pedindo a retirada da chapa do candidato. Do outro, defensores de Bolsonaro, que enxergam na denúncia uma tentativa do PT de se colocar melhor nas eleições 2018.
Após o candidato Fernando Haddad declarar que entraria com medidas judiciais contra a campanha de Bolsonaro, o presidente do PSL (Partido Social Liberal), Gustavo Bebianno, declarou que irá tomar medidas judiciais contra o PT por denúncia caluniosa.
A Polícia Federal instaurou no último sábado (20) um inquérito para apurar a disseminação de mensagens em massa relativas à disputa presidencial por parte de empresas. No Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Jorge Mussi, corregedor-geral eleitoral, foi o nome escolhido para apurar o caso.
A coligação de Haddad pede que Bolsonaro seja considerado inelegível por oito anos, por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Jair se pronunciou sobre o assunto e diz que não tem controle sobre ações de seus apoiadores.
O texto bíblico “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” também se aplica aqui? Fica o questionamento.
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