3ª edição do JURA será realizada na UFRR, pelo MST
- Fabio Almeida
- 23 de mar.
- 3 min de leitura
A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) com o tema “Defender a Vida, combater o agronegócio!” será realizada entre os dias 27 e 29/03/2025, no CCH/UFRR, inscrições aqui.

A realização da 3ª JURA marcará o início das jornadas de abril do MST, em Roraima, promovendo o debate com docentes, discentes e movimentos sociais sobre a importância da reforma agrária e da educação popular como ferramentas de transformação e produção de conhecimento. Permitindo a consolidação e legitimidade das lutas do povo do campo em defesa de uma alimentação saudável e quantidade suficiente, da democratização da terra e de uma educação, cultura e comunicação que integre as vozes dos camponeses.
Segundo Nazaré Nunes, uma das organizadoras do evento, a ideia de aproximação dos debates realizados pelo MST com a academia surgiu da necessidade de inserir a perspectiva do campo e da reforma agrária popular no âmbito da pesquisa e da extensão universitária. “A ideia de formalização da jornada é aprovada, em 2013, durante a realização do 2º encontro nacional de professores universitários do MST. Nestes 12 anos de existência promovemos diálogos com mais de 70 IFES diretamente, além de aproximar programas de pós-graduação que criaram linhas específicas de pesquisa que potencializam, por exemplo, sermos o maior produtor de arroz orgânico da América latina”, afirmou Nunes.
Nesta 3ª edição, em Roraima, e na 12ª em outros estados brasileiros promove-se um olhar sobre o programa da reforma agrária popular, aprovado pela direção nacional do MST, e a necessidade de enfrentamento ao agronegócio que é responsável pela violência no campo, pela superexploração do trabalho, pela fome e pela devastação ambiental. Para Nazaré Nunes combater o agronegócio é condição necessária para o enfrentamento das desigualdades que assolam o país e a garantia da soberania alimentar de nosso povo.
Em Roraima, esse é um tema importante, em virtude do crescimento descontrolado da cultura de grãos, que adentra inclusive territórios indígenas e assentamentos, promovendo ampliação de áreas para monoculturas e reduções das parcelas de terras destinadas a produção de alimentos. Outro grave problema é a completa desregulamentação estadual quanto ao uso de agrotóxicos, especialmente o glifosato, produto altamente cancerígeno e utilizado de forma indiscriminada no ambiente domiciliar, mas principalmente nas lavouras de grãos, especialmente de soja.
O evento abordará temas como a importância da agroecologia e do plantio de árvores como estratégias ao combate do desmatamento e às mudanças climáticas. Rever o atual modelo produtivo é fundamental para defesa de nossas vidas, pois esse novo ciclo produtivo de matéria-prima com a soja, segue o exemplo do que foram os ciclos do pau-Brasil, borracha, café, açúcar e do ouro. Isso terá um fim e ficaremos apenas com um passivo ambiental que na atualidade já destrói vidas. Portanto, o debate desses temas, no âmbito da universidade, permite uma ampliação dos olhares na formatação das pesquisas e na produção do conhecimento.
Organização
A JURA é organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, neste caso específico da direção estadual de Roraima. Os 3 dias de eventos foram formatados a partir da interação do MST/RR com outras organizações sociais. Neste ano, as parcerias da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Roraima (SESDUF-RR), da CPT, do MMC, do Levante, do LABORR, do CALEC (Centro Acadêmico da Educação do Campo), do Ponto de Cultura Ulisses Manaças e do Instituto Irmã Dorothy foram fundamentais para consolidação da terceira edição, segundo Nazaré Nunes.
Abertura Oficial
A abertura oficial do evento será realizada no auditório do INAN/UFRR, no dia 27/03, a partir das 18:30h. A palestra central terá como tema gerador o “Panorama da Reforma Agrária Popular e a Contradição do Capitalismo”. Nazaré Nunes, afirma que o eixo orientador visa relacionar a distinção desses modelos produtivos com os problemas climáticos e ambientais que vivenciamos. “Compreendemos que a questão ambiental ocupa uma dimensão fundamental na luta de classes atualmente. Por isso, afirmaremos, nessa jornada, a importância da Reforma Agrária Popular como uma estratégia viável a defesa e preservação dos bens da natureza, bem como no combate a fome”.
Programação
O evento será realizado nas tardes e noites de sexta-feira e sábado. No domingo será realizada uma visita de campo para conhecer a experiência de produção do grupo "Camponesas do lavrado". Organização de assentadas da reforma agrária que moram no PA Nova Amazônia - Primeiro Assentamento da Reforma Agrária assinado pelo Presidente Lula quando assumiu o governo federal em 2003. As incrições poderão ser feitas para toda a programação ou para períodos exclusivos da 3º Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária.

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