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Curso de Letras da UFRR promove evento para discutir a literatura no estado


Evento segue até o dia 20 de junho. Primeiro encontro debateu sobre o feminino na literatura.

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) sedia a partir deste mês um série de encontros para discutir sobre a literatura no estado. Ao todo serão realizadas 12 mesas redondas durante todas as quartas-feiras de março a junho com o objetivo incentivar produção literária e fortalecer a cultura local.


A primeira edição do evento realizada pelos cursos de graduação e pós-graduação em Letras, da própria instituição, tem como tema: “Literatura em Roraima: Diálogo e leituras”.


De acordo com o coordenador do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL) Roberto Mibielli, o evento pretende reunir o maior número possível de escritores e poetas para debater sobre o tema.


“A ideia é expor a cultura de Roraima e torná-la mais crítica, porque uma das coisas que a gente observa é que existe pouco espaço para difusão e discussão da literatura. O que é um problema, imagina uma sociedade que não reconhece a própria produção literária, é um absurdo", disse.


O feminino na literatura


O primeiro dos 12 encontros ocorreu na quarta-feira (4) com o tema: "O feminino na literatura”, no auditório do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais (Pronat). A mesa contou com a participação das poetisas Ágda Santos, Eli Macuxi, Isabela Coutinho e Sony Ferseck.


Durante a discussão elas criticaram o tema falaram sobre a baixa visibilidade mulher ao longo do evento, tendo em vista que apenas a primeira mesa-redonda abordava sobre o feminino.


“Se a gente for colocar isso num contexto onde há 12 meses e apenas uma discute o feminino e nenhuma outra discute o masculino na poesia, isso poderia dar a entender de que todas as outras mesas são masculinas. A minha tentativa de inversão é mostrar que a poesia em si é algo que traz uma energia feminina, comentou Eli Macuxi.


Ágda Santos, por sua disse que o incômodo maior ficou por conta da representação da mulher da poesia, principalmente da mulher negra.


“Minha poesia é muito carregada nesse ponto, na luta contra o preconceito e também na representativa da mulher lésbica, então quando eu vejo a poesia feminino dentro a poesia ele é universal, fala sobre tudo”, declarou.


Já a linguista Isabela Coutinho defendeu a luta das mulheres indígenas pelos direitos dentro da sua sociedade.


“Ao mesmo tempo que a mulher vem ganhando espaço vem sendo feito uma campanha pelo cerceamento da voz feminina, ou seja, quando há espaço, há um boicote. Nosso papel nesse evento é fazer com que as pessoas parem de olhar e questionar e entenda que o nosso lugar é onde a gente quiser”.


Assim como as colegas, Sony Ferseck falou sobre liberdade do corpo da mulher, a desromantização da poesia e expôs dados alarmantes sobre o feminicídio no estado.


“Por conta da imagem que se tem de que a mulher não pode dispor do próprio corpo ela é considerada inferior por causa disso, morta e violentada. Minha tentativa de desromantização da poesia, não é apenas estética, é também social e política. É dá voz às mulheres”, alegou.


Ao fim do evento Ferseck avaliou o evento como de extrema importância e solicitou que o debate fosse ampliado para além da comunidade. acadêmica. No total, 97 pessoas participaram do encontro entre professores, alunos, poetas, críticos e escritores.

A próxima mesa-redonda ocorre no dia 10 de abril e tratará sobre a temática local como participação Eliakin Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto, fundadores do movimento Roraimeira na década de 1980, além da participação de George Farias. Os interessado ainda pode se inscrever na página do evento de forma gratuita.

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